Livros que tocam (no volume máximo!)
Meu amor e minha experiência com o rock desde a infância, somados à minha curiosidade de jornalista, me levaram a querer sempre mais informação sobre as bandas e artistas que me interessam. Muito do que escrevo aqui neste cantinho que me foi cedido pelos Impublicáveis é fruto de experiência pessoal, mas algumas informações eu adquiri em pesquisas por livros, revistas, documentários, jornais e, depois, sites, blogs etc. Uma fonte importante são os livros de história do rock, onde a gente confirma ou não boatos que ouviu desde a adolescência. Gostaria de fazer um apanhado sobre alguns destes livros que valem a pena ter ou pegar emprestado. Peguei alguns na minha estante pra sugerir pra vocês. Não poderia deixar de citar, também, um que considero uma grande bosta, nem que seja como vingança por ter tomado meu suado dinheirinho. Mas este, ficou pro final.
LED ZEPPELIN – QUANDO OS GIGANTES CAMINHAVAM SOBRE A TERRA
Mick Wall – Larousse
O livro foi citado na matéria anterior desta seção, sobre o Zep, mas não poderia ficar de fora desta lista, então acrescento apenas que é uma leitura fantástica, que – como todos os outros que serão citados aqui – deve ser lido ao som da discografia oficial da banda, em ordem cronológica. Meu sobrinho Victor, que herdou o DNA roqueiro da família, falou agorinha mesmo no Twitter que “nunca haverá uma banda como o Led Zeppelin”. Realmente, é a Gilda do rock. Ouça “Tea for one”, Led Zeppelin
THE BEATLES – ANTHOLOGY
Cosac & Naify
Uma biografia dos Beatles constituída de depoimentos dos quatro cabeludos de Liverpool (adoro este clichê!) e sua corte, como o produtor George Martin, o road manager e atual presidente da Apple Neil Aspinal, o assessor de imprensa Derek Taylor e o “faz tudo” Mal Evans. A obra definitiva sobre a maior banda de todos os tempos. Este livro mede 26x35cm, tem 370 páginas em policromia com uma diagramação fantástica disponibilizando toda uma memorabilia beatlemaníaca que só ficou assessível após sua publicação, como cópias de memorandos internos da banda (especialmente os dos tempos do fim, com as rusgas entre Lennon & McCartney), a carta do advogado do pai de John Lennon e a resposta deste: “cuidei dele pelo mesmo tempo que ele cuidou de mim, uns quatro anos” – John se considerou quites depois disso! – e coisas assim, que pra nós significam um verdadeiro banquete. (“nós”, no caso, você sabe quem somos?)
A obra faz parte do pacote Anthology, um resgate da carreira dos Beatles lançado em 1995, que inclui três CDs duplos contendo versões alternativas e músicas descartadas dos álbuns oficiais e um estojo com cinco DVDs contendo um documentário simplesmente arrasador. Suas mais de 10 horas (incluindo o making of que mostra os três sobreviventes (à época) tocando juntos por mais uma vezinha) já foram assistidas por este escriba várias vezes e revejo trechos toda vez que dá vontade, porque é muito bom mesmo. Um detalhe que faz a grande diferença: as músicas que eles tocam estão inteiras! E todo documentário corta a música no meio, você sabe!
A coleção Anthology é uma obra prima da literatura do rock e o livro tem uma vantagem sobre o documentário: traz na íntegra os depoimentos que, por motivos óbvios, foram abreviados no filme. Se existe um livro que pode ser chamado de imperdível, justificando até mesmo a criação do neologismo, É ESTE. Ouça “I am the walrus”, The Beatles
THE BEATLES – Geoffrey Strokes
Círculo do Livro/Editado pela revista Rolling Stone
Uma biografia fotográfica dos Beatles. Seu grande formato e as fotos de página inteira, acompanhadas do resumo da carreira da banda por um observador tão próximo, nos fazem sentir parte da Beatlemania e entender o porquê do fim. Acompanha um pôster com a obra de Andy Wahrol, de onde foi tirada a capa. Ouça “Things we said today”, The Beatles
A BALADA DE JOHN & YOKO – Pelos editores da Rolling Stone
Círculo do Livro
Lançado pouco depois da morte de John, este livro traz as entrevistas que o artista deu à Rolling Stone, artigos analíticos de sua carreira e sua discografia, biografia detalhada, depoimentos de outros artistas, como Mick Jagger, Ray Charles, Joan Baez e Chuck Berry, e uma reconstituição da noite fatídica de 8 de dezembro de 1980.
O editor/fundador da Rolling Stone, Jann Verner, foi um íntimo do casal Lennon. A primeira edição da revista trouxe John na capa, em foto de Ann Leibovitz, colaboradora até hoje, e que foi autora das últimas fotos de John, na tarde do dia 8, como a que ilustra a capa do livro. Lennon e a Rolling Stone tiveram uma história paralela, e este livro retrata isto, sendo sua leitura um mergulho na intimidade do casal. Só não gosto muito da deferência que eles tem com Yoko, defendendo a tese de que ela é realmente uma artista e não uma enganadora que deu o golpe do baú do século – o que seria um problema somente do casal, se isto também não tivesse fodido com o que restava da harmonia entre os quatro Beatles, apressando o seu fim, e isto pra mim é imperdoável. Tirando as gentilezas com Yoko, o livro é um documento imprescindível. Mas nem estas gentilezas conseguem desmanchar a impressão de que ela era uma intrusa arrogante, quando lemos suas intervenções nas entrevistas. Ouça “God”, John Lennon
PAUL McCARTNEY – MANY YEARS FROM NOW
Barry Miles – Editora DBA
O autor era um dos donos da galeria de arte Indica, onde John conheceu Yoko durante uma exposição da japona. Sua entrada na sociedade com John Dunbar (ex-marido de Marianne Faithfull, na época) só foi possível porque Paul emprestou a grana. Então, indiretamente, foi Paul quem aproximou John de Yoko! Ó mundo cruel!
Amigo pessoal de Paul, Barry Miles conta sua vida com toda a intimidade que possui, mas complementa suas informações com horas de entrevista e muita pesquisa histórica. É um livro definitivo sobre Paul McCartney. É muito interessante ver Paul falando sobre a forma como as músicas dos Beatles foram compostas: ele pega disco por disco e vai se lembrando de quando se encontrou com John, seja pra compor novas músicas pro próximo disco que estava atrasado, mostrando pra ele esboços que já tinha prontos e pedindo complementação, ou até mesmo ouvindo apenas “não precisa fazer nada, já tá pronto, muda só esta linha aqui…” Vê-se pelo depoimento de Paul que a parceria Lennon-McCartney era real, contrariando a idéia geral de que era só um acordo entre eles, uma espécie de sociedade. Na verdade, a consultoria que um dava ao outro é que gerava aquelas obras primas, basta notar que eles nunca mais foram os mesmos compositores na fase pós Beatles; embora tenham alcançado alguns picos, nunca mais tiveram aquele nível de excelência. Os dois – ou os quatro, vamos dizer assim – juntos eram muito maiores do que a soma de suas partes.
Neste livro a gente percebe por que Paul é o mais bem sucedido dos quatro. Desde aquela época ele já tinha interesses mais avançados musical e pessoalmente. Enquanto os outros se casaram no auge da beatlemania e limitavam seus interesses, Paul se divertia nas boates da Swinging London, bancava o mecenas, dirigia a arte das capas/encartes dos álbuns contratando os maiores artistas de vanguarda da época, como Robert Frasier e Richard Avedon – enquanto John se interessava por ativismo político, Paul se interessava por arte, e isto manteve os Beatles juntos pela fase mais criativa de sua história, o período após a morte do empresário Brian Epstein – quando os quatro quase desistiram, e teriam desistido, se dependesse de John. Pode-se dizer que a revolução artística provocada por Sergeant Pepper’s e obras primas como o Álbum Branco e Abbey Road só foram possíveis graças à persistência e liderança de Paul, que era tachado como o chato de galochas que ficava pondo os outros pra trabalhar quando eles só queriam fumar maconha, tomar LSD, protestar contra a guerra do Vietnã, meditar com o Maharishi ou simplesmente coçar o saco.
Não vai aqui nenhum desmerecimento aos outros Beatles, Deus me livre!, mas basta ver os depoimentos e entrevistas de John e George após 1968 pra constatar que eles não estavam mais nem aí. E se os Beatles tivessem acabado em 1968? COMO EU FARIA SEM O ÁLBUM BRANCO, MEU DEUS????
“Many years from now”, frase tirada da música “When I’m Sixty-four”, é um grande livro, e suas mais de 600 páginas contam uma história incompleta, pois desde seu lançamento Paul já produziu muito e continua produzindo. O cara é o maior artista vivo da música popular e provavelmente vai estar entre os top-five-dead depois que se mandar – daqui a várias turnês e álbuns que ainda serão lançados! Ouça Wild Life – Wings
PAUL McCARTNEY – Todos os segredos da carreira solo
Cláudio D. Dirani – Editora Lira
Escrito por um fã brasileiro, que teve acesso a dados de gravadoras, entrevistou parceiros de Paul e fez ampla pesquisa, além de informações acumuladas pessoalmente, este livro figura entre as mais importantes obras sobre McCartney. Pega disco por disco, música por música, turnê por turnê, tudo por tudo. É um catálogo da carreira solo de Paul, mas foi lançado em 2006 e merece uma atualização dentro de algum tempo, pois o cara não parou nem vai parar! É dirigido aos fãs, como um objeto de consulta muito valioso. Ouça “Spirits of ancient Egypt”, do Wings
O BAÚ DO RAUL REVIRADO
Silvio Essinger e Kika Seixas – Ediouro
Já tinha sido lançado antes um “Baú do Raul”, mas este sim é o verdadeiro “baú”, uma vez que todos os rascunhos, fotos, textos, recortes de jornal etc que Raul guardava num baú de verdade estão distribuídos por suas páginas numa diagramação que lembra aquela cena de quando você entorna a caixinha de lembranças em cima da mesa. O manuscrito de “Sessão das 10”, o contrato de trabalho firmado entre os integrantes d’Os Panteras, uma listinha top-ten intitulada “os cantores que mais gosto”, palavras escritas de madrugada quando chegava em casa morto de trêbado, tudo o que um fã(nático, como todo fã de Raul!) queria ver de perto, agora ao alcance da mão. Obrigatório!
Só faça uma coisa, por favor: Ao comprar o livro, tire o CD de raridades que vem junto, colado na última capa, e ponha na estante. Não deixe o mesmo colado ali. Pois algum desavisado pode dobrar o livro e quebrar o disquinho. Como aconteceu com o meu. Raios! Ouça “Meu amigo Pedro”, de Raulzito
VIDA
Keith Richards, com James Fox – Editora Globo
Cara, como a Veja é babaca! A crítica da revista chamou o livro de enganação pra tomar dinheiro dos fãs!! O crítico deve ser fã de ópera ou de pagode, no mínimo. Ou muito burro, porque é óbvio que é um livro dirigido aos fãs. Quem leria 650 páginas sobre a vida do maior e mais bem sucedido junkie que já pisou na face da Terra? Só que os fãs dos Rolling Stones não são antas. Se o cara queria o dinheiro deles – afinal o livro custa 45 pratas – tinha de dar algo em troca. E isso ele deu: o livro parece pequeno, quando acaba a leitura a gente fica triste porque tava bom demais!
Já no primeiro capítulo, quando narra em tempo real a “prensa” que levaram de um xerife numa estrada do Arkansas, em pleno “cinturão da Biblia” na turnê de 1972 – aquela mesma, barra pesada, do disco “Exile on Main Street”, que foi retratada no filme “Cocksucker Blues”, quase pornográfico – vale o livro. Pagaria 45 pratas tranqüilo pra ler aquele conto BASEADO em fatos reais!
Como livro dirigido aos fãs é perfeito, e o crítico da Veja que me desculpe, ele é que tá tomando o dinheiro da revista, pois é como se eu escrevesse uma crítica de um show sertanojo. EU FALARIA QUE ERA UMA BOSTA, ÓBVIO!
Dito isto, “Vida” é a mais perfeita, deliciosa, anárquica e radiante autobiografia de rock que já li. Merece um artigo só pra ela, então paramos por aqui. Fica só a recomendação. Ouça “Take it so hard”, de Keith Richards and the X-Pensive Winos
JAGGER NÃO AUTORIZADO
Cristopher Andersen – Editora Harbra
Um livro escrito por um simpatizante da Klu Klux Klan com idéias ultra preconceituosas sobre homossexualismo, rock e drogas, traduzida por dois analfabetos funcionais. Porém o babaca do autor era bem informado. Então este livro tem de ser lido suportando os comentários de nojo do autor em relação ao comportamento sexual e pessoal do retratado, e também é necessário deduzir muito do que ele quis dizer com base em nossas próprias informações pessoais, uma vez que os tradutores parecem nunca ter ouvido falar de nada do mundo do rock e cometem erros grosseiros, como tratar gravadoras como se fossem pessoas, locais como se fossem discos ou homens como se fossem mulheres. Fora erros grosseiros de revisão.
Felizmente, o livro traz muitas informações relevantes. O autor esteve presente no show de Altamont, por exemplo, quando o negro Meredith Hunter foi assassinado a facadas por integrantes dos Hells Angels, que faziam a segurança do evento. Escrito num estilo sensacionalista por um cara que retratou Madonna pelo mesmo foco, o livro dá gastura, toda hora a gente para de ler pra ir ao banheiro com engulhos. É Jair Bolsonaro escrevendo sobre os Rolling Stones, porra? Mas continua na minha estante por causa das informações que traz. Mesmo assim, se eu encontrar esse cara na minha frente, não sei se vou resistir a dar um tabefe na cara dele. Ouça “Party doll”, de Mick
ERIC CLAPTON – A AUTOBIOGRAFIA
Eric Clapton – Editora Planeta
Mais uma biografia de rock perfeita. O “Deus” Clapton, que sempre rejeitou este título. O cara que participou de inúmeras bandas importantes na história do rock, como John Mayall’s Bluesbreakers, The Yardbirds, Derek and the Dominoes, Cream, antes de se achar apto a partir pra carreira solo. Um cara humilde, apesar de todo o talento, fama, dinheiro, mulheres e outras coisas em doses cavalares – sendo que apenas um miligrama disso já faz um ex-big brother achar que merece entrar pra história.
Seu problema com as drogas, sua participação em alguns dos principais momentos do rock, o caso da mulher de George Harrison, Patty, que ele não sossegou enquanto não tomou pra si – sem atrapalhar a amizade entre eles!, a história da composição de alguns dos clássicos do rock, a perda de seu filho de 5 anos, retratada na canção “Tears in heaven”, um mergulho na vida de um dos maiores nomes da música mundial. Ta tudo ali. Ouça “Layla”, de Derek and the
KISS POR TRÁS DA MÁSCARA – A biografia oficial autorizada
David Leaf e Ken Sharp – Companhia Editora Nacional
A primeira parte deste livro foi escrita em 1979, quando David Leaf entrevistou Gene, Paul, Ace e Peter para lançar uma biografia da banda, que vivia o auge de sua carreira. Mas o livro não saiu, e só quando os quatro integrantes originais se reuniram e voltaram a usar as máscaras, em 1998, ao encontrar o fã Ken Sharp, que estava escrevendo uma biografia da banda, ele resolveu desenterrar aqueles originais e fundi-los com o material do companheiro numa biografia que ganhou a simpatia oficial do Kiss.
Pros fãs é um prato cheio, pois a primeira parte, publicada como foi escrita em 1979, nos faz entrar em um flashback e voltar aos tempos em que cantávamos Christine Sixteen, Calling Dr. Love e Detroit Rock City como se fossem os hinos de uma geração que só queria saber de sexo (pouco), drogas (algumas) e rock’n’roll (muuuuito!). A música do Kiss era comercial, pegajosa, um hard rock gostoso de ouvir no volume máximo, pulando muito, fazendo air guitar, sem compromisso com mais nada a não ser diversão. Tudo bem com o rock engajado, mas por que desprezar o rock farofa? E nisto o Kiss é o campeão. Até hoje! Adrenalina pura!
O livro traz também disco por disco, música por música, com testemunhos de quem participou da história, como os produtores Eddie Kramer e Bob Ezrin, e os membros da banda contando suas versões das aventuras e desventuras ao longo de quase 40 anos de carreira. Ah: o Kiss está gravando um novo álbum, por sinal! I wanna rock’n’roll all nite and party every day!!! Ouça Mr. Speed, do Kiss
MATE-ME POR FAVOR
Legs McNeil e Gillian McCaim – L&PM Editores
Existe uma legião de roqueiros que acredita que o punk começou com os Ramones, Sex Pistols e The Clash. Por favor pessoal! Vocês não só estão mal informados, como estão perdendo The Stooges, Dead Boys, Television, MC5, Patty Smith, New York Dolls, Buzzcocks, Hearthbreakers e toda uma legião que fazia do CBGB e do Max’s Kansas City, em Nova York no começo dos ‘70s, os templos do underground, do lixo, da podreira e da atitude. Depois da visita dos Ramones a Londres, na segunda metade dos anos 70, quando Steve Jones, Johnnie Rotten, Sid Vicious e Mick Jones viram de perto o resultado daquele movimento todo, é que o punk inglês começou, capitaneado e marketeado pelo picareta-mor Malcolm McLaren e vestido – isso sim, foi o punk inglês que lançou o punk style – por Vivienne Westwood. Daí ele foi exportado pro resto do mundo. Mas antes disso, muita coisa, over coisas tinham acontecido e estavam acontecendo em Nova York, e ficava-se sabendo de tudo através das páginas de um jornal chamado “Punk”, de onde veio o nome do movimento.
Toda esta história é narrada neste livro pelos seus protagonistas. É Dee Dee Ramone, Richard Hell, Lou Reed, Iggy Pop, Debbie Harry e Patty Smith, entre outros, falando sinceramente sobre tudo o que aconteceu e como aconteceu. Você fica sabendo que o punk tirou suas raízes de The Doors e do Velvet Underground. E fica sabendo da forma mais louca, pois os depoimentos só são compreensíveis porque estão em ordem cronológica, uma vez que não há descrições, narrativas, não tem nenhuma informação adicional – só os depoimentos. É um documentário escrito, uma conversa de botequim, uma roda de baseado. O livro é loucasso. Punk, pra ser exato. Ouça Richard Hell, “Blank generation”
BOWIE
Marc Spitz
Este livro deve ser interessantíssimo. Bowie participou do movimento underground que gerou o punk novaiorquino, absorvendo suas influências e transformando tudo em glitter rock. Produziu Lou Reed e Iggy Pop, ressussitanto suas carreiras quando estavam por baixo por causa do descontrole provocado pelas drogas. Fez uma obra prima depois da outra nos anos 70, mas nunca perdeu sua importância de lá pra cá, principalmente por causa da qualidade, originalidade e bom gosto de seu trabalho. No auge da androginia, foi pego na cama com Mick Jagger. Bowie estava no meio de tudo o que aconteceu depois que ele apareceu, praticamente um Forrest Gump do rock. Mas eu não li este livro ainda. Alguém pode me emprestar?… Mesmo assim, ouça “Ziggy Stardust and the Spiders from Mars”, o album
QUE ROCK É ESSE? – A história do rock brasileiro contada por alguns de seus ícones
Organizado por Edgar Piccoli – Multishow Livros – Editora Globo
Quando vi este livro na Usina das Letras, na companhia da minha filha Juliana, que foi quem o retirou da estante, quis comprar pra ela, porque parecia muito bacana. Todo em couché, cheio de fotos, e achei que era um apanhado pelo menos bem intencionado do rock Brasil. E que merecia entrar pra nossa coleção. Ledo engano! (aliás, quem é esse Ledo, que sempre se engana?…)
O livro simplesmente transcreve as conversas que rolaram numa série de programas do Multishow em que se debateu sobre o rock brasileiro. Mas não foi feita nenhuma retificação sobre os erros (de memória, de fonte, de informação mesmo) que rolaram durante as conversas. Os comentários eram fracos, superficiais, rasos. É como se você fosse convidado pra uma mesa onde se reunia uma panelinha e ficasse vendo-os conversar entre eles, rasgando seda, puxando saco ou simplesmente destilando rancor e mágoa contra colegas… (já viu este filme, meu caro editor Robert?)
Se o rock brasileiro é isto, se nossos ícones – Rita Lee, Lobão, Frejat – ou os que foram chamados de ícones pelo livro – Dinho Ouro Preto, Gabriel o Pensador, Pitty – só tem isso a dizer, então tá explicado por que a cena rock brasileira está nesta merda que está hoje. Restart ainda é pouco! Pelo menos uma coisa: como o livro é pesado, dá pra vender pra Asmare por um bom preço.
Camilo Lucas
Os Impublicáveis