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poema

Robert de Andrade

Vou viver o meu tempo Correr, só por esporte Levar a pressa a passos lentos Infringir o relógio alheio. Vou fugir do prazo Sofrer, só por acaso Vencer o tédio na teimosia Partir minha preguiça ao meio. Quero ver o mato crescer Ler Proust enquanto aguardo a minha vez Marcar compromissos

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Robert de Andrade

Deixa sangrar E só estanque quando o veneno sair Se eu delirar Me vê logo um trago mais forte Feito garrafada do norte Pra levantar o que sobrou de mim   Cobra venenosa Mas o caminho fui eu que escolhi Quando sarar Tomo cuidado ao passar por aqui   Deixa

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Robert de Andrade

– E agora, nego, quem será o meu parceiro, Meu contraponto, meu fiel escudeiro? Me diga, mano Porque partiu na contramão, Deixando a mãe, o pai, o filho e eu, irmão?   – É… meu preto, ele partiu pra nunca mais voltar Estava tão lindo antes do baile De boné

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Robert de Andrade

O pouco, faltoso, insistente, Às vezes era uma promessa tão grande E o meio veio num rompante Ficou logo estéril, sem passado, Dado por acabado Já o muito, incompleto e sem futuro, Às vezes me parece bem menos que o pouco… Robert de Andrade Os Impublicáveis

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Fábio Almeida

  Antes que eu me perca no labirinto do tempo, Tentando criar um sistema diferente do convencional, Onde ele (o tempo) não é importante, mas apenas um detalhe Que não possa determinar ao certo quando foi, Por que pode ter sido em qualquer parte do tempo… Antes que eu deixe

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Cind Canuto

Enquanto eu sou o outro O outro não sei eu Pelo que eu só sei o outro Com o olhar que é meu No produto desse meio A consciência se perdeu Ligada ao contrário de mim, Ao outro e ao olhar seu A natureza desses neurônios Na forma de estrelas

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Robert de Andrade

Texto (im)publicado na última edição da revista Jararaca Alegre. Caros amigos poetas, cuidado para que a poesia não faça de suas vidas um livreto de quinta categoria. O mundo está cheio de poetas e dos que se acham poetas, mas ultimamente tem se tornado muito difícil distinguir essas duas classes.

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Barroso da Costa

E eis que o tempo se embaralha e sobe aos olhos a água de uma chuva que um dia molhou negros cabelos. O pescoço enrijece e a boca se contorce com o amargor de um adeus, intempestivo então, mas que agora pode transmutar-se em terno sorriso de olhar perdido em

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